quarta-feira, 20 de julho de 2016

Projeto Pescando e Aprendendo

Olá pescadoras e pescadores, é com muita alegria com que venho tentar rascunhar para vocês um pouco da experiência de levar meus alunos para pescar, e nas linhas que segue irei tentar mensurar o tamanho da emoção vivenciada tanto pelos alunos, quanto por mim professora.
O Projeto Pescando e Aprendendo aconteceu com os alunos da Escola Municipal Edith Ala, na cidade de Caldas Novas – GO, com uma turma de 6º ano do Ensino Fundamental II.
Desde inicio do semestre letivo, meus alunos demonstraram grande interesse na temática da pescaria, sempre compartilhando em sala algumas experiências vivenciadas com a família e até mesmo mencionavam o desejo de realizar uma pescaria, no entanto, ainda não sabiam que a professora deles era pescadora. Quando num belo dia um dos meus alunos chegou perguntando se eu gostava de pescar, quando lhe respondi que sim, e o indaguei do porque ele desejará saber tal informação, então ele me disse que havia encontrado um canal no You Tube com vídeos em que eu aparecia com muitos peixes, daí foi uma explosão total na sala de perguntas e curiosidades a cerca do assunto.
Deste dia em diante, minhas aulas não foram mais as mesmas, pois sempre havia uma conversa e outra sobre as minhas pescarias. Havia sempre curiosidades que eles queriam saber sobre o assunto. Diante de tamanho interesse dos alunos sobre a temática comecei a rascunhar e a idealizar um projeto em que pudesse levar a pesca esportiva para sala de aula e ao mesmo tempo levar a sala de aula para a beira do lago, então inicie os estudos sobre a temática tentando associa-la ao pedagógico, e juntar a pescaria com a disciplina de Língua Portuguesa, foram dias e noites de estudos, de busca de referencial teórico que subsidiaria tal projeto para que este pudesse ser aprovado pela coordenação da escola.  Enfim, depois de muito estudo e trabalho árduo consegui fechar o projeto e apresenta-lo ao grupo gestor da escola que o aprovou.
 Vencida a primeira etapa, agora partia para segunda angariar apoios para que o projeto pudesse acontecer, pois um projeto não pode acontecer sem um trabalho coletivo, sem parceiros que vistam a camisa do mesmo.  Assim falei com o meu amigo Márcio David da Fishingtur Pesca e Turismo, que rapidamente se prontificou a abraçar este projeto comigo e fazer dele uma realidade. Conversei também com a Vanessa proprietária do Pesque e Pague dos amigos, que não mediu esforços para nos ajudar, nos recebendo tão bem e com um delicioso lanche. A Casa Magnum, na pessoa da proprietária Kamilla que nos forneceu todos os equipamentos necessários para realização da pescaria. As minhas amigas Elisa Brottel, a maior pescadora de tucunaré do Brasil e Mariana Braga apresentadora do programa “A pescadora” da Fish TV, que ajudou na doação de brindes para o minitorneio que realizei com os alunos.
Agora com estas parcerias de peso fechadas e com local definido era contar para os alunos e apresentar o projeto para eles. Foi emocionante quando cheguei na sala e apresentei a proposta para eles, a qual foi muito bem aceita por todos.  Do dia que contei para eles até o dia da pescaria durante minhas aulas era uma euforia só, uma ansiedade para que o dia chegasse logo e pudéssemos todos ir pescar juntos. Na sala durante as duas semanas que antecederam a pescaria, realizamos uma roda de conversa e discussão sobre a importância da pesca esportiva, da preservação da natureza, do cuidado com o lixo que produzimos e com o descarte que fazemos desse lixo. Nestas rodas de discussões procurava mostrar a eles a importância de cuidarmos da natureza e importância do pesque e solte, para que possamos preservar os peixes para que pescadores das gerações futuras possam ter a alegria de fisga-los.


Tudo pronto e o grande dia chegou, quando cheguei à escola as 7:20 da manhã, todos me aguardavam ansiosos e entusiasmados para que pudéssemos ir pescar, nossa saída estava marcada para as 7:30 da manhã, porém o ônibus atrasou um pouco para chegar, e pensa numas pessoas que quase me deixaram louca, que de segundo em segundo vinham saber cadê o ônibus e o porque ele ainda não havia chegado, “Tia estamos perdendo o tempo precioso de pescar, esse moço tem que chegar logo.” Era sempre a fala que eu ouvi de vários deles. 
Enfim, as 7:50 o ônibus encostou na porta da escola, embarcamos e partimos rumo ao pesque e pague dos amigos, e quanto mais próximos estávamos, mais percebia a alegria dos meus alunos.
Ao chegarmos ao pesqueiro fomos recepcionados pelo Marcio David e pela Vanessa que nos receberam muito bem. Organizamos-nos próximo ao lago, onde nos sentamos, para termos um dedinho de prosa e depois ir pescar, fizemos um agradecimento especial a Vanessa que nos acolheu também, ao Marcio David por abraçar conosco este projeto, a nossa Diretora Eliane e a professora Helena que nos deram todo apoio a este projeto. Agradecimentos realizados, combinados relembrados, vamos sim bora pescar.  
Então, descemos para os lagos, localizados no fundo do pesqueiro que são menores e mais apropriados para a pescaria que iriamos realizar – pescaria com vara de bambu. Chegamos ao lago organizamos as coisas, e começamos a fazer a entrega das varas para os alunos, que já foram pegando colocando a isca e jogando na água.


Como muitos deles nunca haviam pescado, tinham dificuldades para compreender o processo de jogar a isca na água e ficar aguardando o peixe atacar e fisgar, foi todo um processo ensiná-los e dando as orientações necessárias, e nem havíamos acaba de entregar as varas para todos meu aluno Arthur exclama: “peguei, peguei um peixe”, pelo fato dele nunca ter pescado, o medo de perder o peixe o fez segurar bem no meio da vara que quebrou na mesma hora, no entanto, conseguimos retirar o peixe e garantir a foto. Quanta euforia quando a vara do Arthur quebrou, foram risadas e muita torcida para peixe sair.

        E a pescaria se segue com muita emoção e muita euforia, pois a cada peixe fisgado por um colega todos vibravam e faziam festa. Ao longo da pescaria fui percebendo que os alunos iam perdendo o medo de segurar o peixe com as mãos e entendendo o cuidado e zelo que devemos ter com os mesmo.  O mais bonito de ver foi à alegria deles em devolver o peixe à água para que ele possa crescer ainda mais e ser fisgado novamente por eles ou por outros pescadores que por ali passarem



Como estávamos cercados por vários lagos, os meninos ficaram circulando entre um lago e outro no anseio de fisgar mais peixes, e de fisgar peixes de diferentes espécies. Quando em uma destas tentativas as alunas Beatriz e Ana Célia fisgaram um belo Tambaqui, pensa numa briga boa, afinal fisgar um Tambaqui no varejão de bambu é uma tarefa difícil que as duas realizaram com maestria garantindo a foto com este que é a paixão de pescadores e pescadores por este Brasil a fora.
 
Tambaqui - Beatriz
Tambaqui -- Ana Célia
E após a emoção para as meninas a pescaria seguiu, agora com o desejo de outros alunos de fisgar um belo Tambaqui, e descobrirem a emoção que é ter um desses nas mãos.  Foi radiante ver a alegria esboçada no rosto de cada criança, de ver seus sorrisos a cada peixe fisgado, de vê-los ajudando o colega que ainda não havia pegado nenhuma a fisgar o primeiro, de vê-los compartilhando um com os outros da emoção de fisgar o primeiro peixe e de devolvê-lo a água. De vê-los fazendo planos de fazer pescarias com os pais e ensiná-los o quanto e gratificante soltar o peixe. Foi simplesmente emocionante. 











A pescaria estava boa, mas era chegada a hora de lancharmos, fazer a entrega dos prêmios do nosso minitorneio e retornar para escola. E como foi difícil fazer estes meninos deixarem a pescaria para retornarmos, eles estavam tão envolvidos com a pescaria. Voltamos novamente para a varanda em frente ao lago principal, o lago de pesca esportiva que fica na entrada do pesqueiro. Começamos a fazer a entrega dos prêmios. Primeiramente premiamos o Arthur que foi quem fisgou o primeiro peixe.
Prêmio para aluno que fisgou primeiro peixe: uma vara telescopia.
Depois premiamos o maior peixe que foi pego pela Ana Célia e Beatriz, pois foram as únicas que conseguiram fisgar um tambaqui. 
Quarto prêmio: uma vara telescopia e um boné da Fish TV. ---  Quinto prêmio: Um boné da Fish TV.  

Como três alunos ficarão empatados com mesmo número de peixes fisgados, para decidir qual prêmio cada um receberia fizemos o sorteio com números de um a três e a ordem dos prêmios foi estabelecida de acordo com o número que cada um tirou. Assim, a Lívia ficou recebeu o terceiro prêmio, o Daniel o segundo e o Eduardo o primeiro prêmio. 

Terceiro prêmio: um boné da Fish TV  ---- Segundo prêmio: uma camiseta mais um boné da Fish TV 

Primeiro prêmio: Uma vara com molinete e um boné da Fish TV
Finalizada as premiações era hora do lanche que foi caprichosamente preparado pelas cozinheiras do Pesque e Pague dos Amigos. Hum!!! Estava uma delicia!!! 

Lanche finalizado. Ficamos ali aguardando e apreciando o lago e conversando enquanto o ônibus da escola não chegava para nos buscar. Vendo a euforia dos meus alunos pude compreender o quanto significante aquela manhã foi para eles, o quanto aprendemos juntos e quantas histórias ali foram escritas com um capitulo diferente.
Retornando para sala de aula na semana seguinte os relatos trazidos pelos alunos sobre a pescaria apresentavam uma riqueza de detalhes impressionante, transmitidos na euforia e alegria com que cada um contava aos colegas o que mais gostará no dia, o que mais lhe chamará atenção, ou seja, o que lhe foi marcante.
Neste clima envolvente iniciamos a construção das produções textuais, no qual os alunos puderem escolher entre produzir um relato de experiência e/ou construir um poema/poesia. Finalizados os textos estes foram recolhidos e um grupo de professores fez a escolha dos três melhores relatos de experiências e os três melhores poemas/poesias. Os quais foram premiados na semana seguinte, valorizando assim a produção desenvolvida por cada aluno.
Ao ler cada texto produzido me emocionei por várias vezes, com os relatos descritos pelos meninos, mostrando as marcas que este momento de pescaria deixou em suas vidas, de tudo que foi aprendido com esta vivência. Os textos não traziam registrados somente o que foi aprendido acerca da preservação da natureza e ou do cuidado com peixe para sua preservação, mas ali estavam registrados detalhes que vão muito além, os textos traziam aprendizagens para toda uma vida, que oportuniza-nos ser pessoas melhores e que ampliam o olhar de cada um para o cuidado com o outro, o cuidado com o que se fala, com o que se faz. “Eu sentei com minhas colegas que eu quase não falava, foi muito divertido nós conversamos e eu aprendi que é sempre bom conhecer novos amigos, fazer novas amizades e eu conversei muito com elas. E descobri que elas são muito legais, e agora estamos conversando direto, e tenho aprendido muita coisa com elas...” (Camila)  “...o que achei mais interessante não foram os prêmios, foi a participação de todos os alunos se interagindo e divertindo...” (Maria Eduarda) “Pegamos peixes com varas de mão foi incrível sentir o peixe tão perto de mim” (Kayane).
Enfim, foi uma tarefa árdua fazer a escolha dos seis melhores (3 relatos e 3 poemas/poesias), tamanho foi o grau de envolvimentos dos alunos, demonstrando o quanto esta atividade os envolveram por completo.  Abaixo vocês lerão o melhor relato de experiência e o melhor poema. 


PESCANDO UM DIA
Pesquei de novo foi bem legal
peguei três peixes afinal.
Não achei difícil foi até fácil,
Para pescar fiquei quieto como um gato.

Queria ir de novo, mas tenho que esperar,
até que meu pai tenha uma folga.
E vai demorar.
Mas, que pena que não ganhei nada la.

Os donos de lá foram bem generosos
será que um dia irei vê-los de novo.
Foi muito legal estar lá,
tenho pena de quem não foi participar.

Queria ter pescado cinco assim...
Um molinete eu ganharia de presente
ou talvez uma vara de mão,
para mim isso seria um presentão.
(Paulo Vitor Silva de Souza)