Olá pescadoras e
pescadores, é com muita alegria com que venho tentar rascunhar para vocês um
pouco da experiência de levar meus alunos para pescar, e nas linhas que segue
irei tentar mensurar o tamanho da emoção vivenciada tanto pelos alunos, quanto
por mim professora.
O Projeto Pescando e
Aprendendo aconteceu com os alunos da Escola Municipal Edith Ala, na cidade de
Caldas Novas – GO, com uma turma de 6º ano do Ensino Fundamental II.
Desde inicio do
semestre letivo, meus alunos demonstraram grande interesse na temática da
pescaria, sempre compartilhando em sala algumas experiências vivenciadas com a
família e até mesmo mencionavam o desejo de realizar uma pescaria, no entanto,
ainda não sabiam que a professora deles era pescadora. Quando num belo dia um
dos meus alunos chegou perguntando se eu gostava de pescar, quando lhe respondi
que sim, e o indaguei do porque ele desejará saber tal informação, então ele me
disse que havia encontrado um canal no You Tube com vídeos em que eu aparecia
com muitos peixes, daí foi uma explosão total na sala de perguntas e
curiosidades a cerca do assunto.
Deste dia em diante,
minhas aulas não foram mais as mesmas, pois sempre havia uma conversa e outra
sobre as minhas pescarias. Havia sempre curiosidades que eles queriam saber
sobre o assunto. Diante de tamanho interesse dos alunos sobre a temática
comecei a rascunhar e a idealizar um projeto em que pudesse levar a pesca
esportiva para sala de aula e ao mesmo tempo levar a sala de aula para a beira
do lago, então inicie os estudos sobre a temática tentando associa-la ao pedagógico,
e juntar a pescaria com a disciplina de Língua Portuguesa, foram dias e noites
de estudos, de busca de referencial teórico que subsidiaria tal projeto para
que este pudesse ser aprovado pela coordenação da escola. Enfim, depois de muito estudo e trabalho árduo
consegui fechar o projeto e apresenta-lo ao grupo gestor da escola que o
aprovou.
Vencida a primeira etapa, agora partia para
segunda angariar apoios para que o projeto pudesse acontecer, pois um projeto
não pode acontecer sem um trabalho coletivo, sem parceiros que vistam a camisa
do mesmo. Assim falei com o meu amigo Márcio David da Fishingtur Pesca e Turismo,
que rapidamente se prontificou a abraçar este projeto comigo e fazer dele uma
realidade. Conversei também com a Vanessa
proprietária do Pesque e Pague dos amigos, que não mediu esforços para nos
ajudar, nos recebendo tão bem e com um delicioso lanche. A Casa Magnum, na pessoa da proprietária Kamilla que nos forneceu
todos os equipamentos necessários para realização da pescaria. As minhas amigas
Elisa Brottel, a maior pescadora de
tucunaré do Brasil e Mariana Braga apresentadora
do programa “A pescadora” da Fish TV, que ajudou na doação de brindes para
o minitorneio que realizei com os alunos.
Agora com estas
parcerias de peso fechadas e com local definido era contar para os alunos e
apresentar o projeto para eles. Foi emocionante quando cheguei na sala e
apresentei a proposta para eles, a qual foi muito bem aceita por todos. Do dia que contei para eles até o dia da
pescaria durante minhas aulas era uma euforia só, uma ansiedade para que o dia
chegasse logo e pudéssemos todos ir pescar juntos. Na sala durante as duas
semanas que antecederam a pescaria, realizamos uma roda de conversa e discussão
sobre a importância da pesca esportiva, da preservação da natureza, do cuidado
com o lixo que produzimos e com o descarte que fazemos desse lixo. Nestas rodas
de discussões procurava mostrar a eles a importância de cuidarmos da natureza e
importância do pesque e solte, para que possamos preservar os peixes para que
pescadores das gerações futuras possam ter a alegria de fisga-los.
Tudo pronto e o grande dia chegou, quando cheguei à escola as 7:20 da manhã, todos me aguardavam ansiosos e entusiasmados para que pudéssemos ir pescar, nossa saída estava marcada para as 7:30 da manhã, porém o ônibus atrasou um pouco para chegar, e pensa numas pessoas que quase me deixaram louca, que de segundo em segundo vinham saber cadê o ônibus e o porque ele ainda não havia chegado, “Tia estamos perdendo o tempo precioso de pescar, esse moço tem que chegar logo.” Era sempre a fala que eu ouvi de vários deles.
Enfim, as 7:50 o ônibus
encostou na porta da escola, embarcamos e partimos rumo ao pesque e pague dos
amigos, e quanto mais próximos estávamos, mais percebia a alegria dos meus
alunos.
Ao chegarmos ao
pesqueiro fomos recepcionados pelo Marcio David e pela Vanessa que nos
receberam muito bem. Organizamos-nos próximo ao lago, onde nos sentamos, para
termos um dedinho de prosa e depois ir pescar, fizemos um agradecimento
especial a Vanessa que nos acolheu também, ao Marcio David por abraçar conosco
este projeto, a nossa Diretora Eliane e a professora Helena que nos deram todo
apoio a este projeto. Agradecimentos realizados, combinados relembrados, vamos
sim bora pescar.
Então, descemos para os
lagos, localizados no fundo do pesqueiro que são menores e mais apropriados
para a pescaria que iriamos realizar – pescaria com vara de bambu. Chegamos ao
lago organizamos as coisas, e começamos a fazer a entrega das varas para os
alunos, que já foram pegando colocando a isca e jogando na água.
Como muitos deles nunca
haviam pescado, tinham dificuldades para compreender o processo de jogar a isca
na água e ficar aguardando o peixe atacar e fisgar, foi todo um processo
ensiná-los e dando as orientações necessárias, e nem havíamos acaba de entregar
as varas para todos meu aluno Arthur exclama: “peguei, peguei um peixe”, pelo
fato dele nunca ter pescado, o medo de perder o peixe o fez segurar bem no meio
da vara que quebrou na mesma hora, no entanto, conseguimos retirar o peixe e
garantir a foto. Quanta euforia quando a vara do Arthur
quebrou, foram risadas e muita torcida para peixe sair.
E a pescaria se segue com muita emoção e muita
euforia, pois a cada peixe fisgado por um colega todos vibravam e faziam festa.
Ao longo da pescaria fui percebendo que os alunos iam perdendo o medo de
segurar o peixe com as mãos e entendendo o cuidado e zelo que devemos ter com
os mesmo. O mais bonito de ver foi à
alegria deles em devolver o peixe à água para que ele possa crescer ainda mais
e ser fisgado novamente por eles ou por outros pescadores que por ali passarem
Como
estávamos cercados por vários lagos, os meninos ficaram circulando entre um
lago e outro no anseio de fisgar mais peixes, e de fisgar peixes de diferentes
espécies. Quando em uma destas tentativas as alunas Beatriz e Ana Célia
fisgaram um belo Tambaqui, pensa numa briga boa, afinal fisgar um Tambaqui no
varejão de bambu é uma tarefa difícil que as duas realizaram com maestria
garantindo a foto com este que é a paixão de pescadores e pescadores por este
Brasil a fora.
E
após a emoção para as meninas a pescaria seguiu, agora com o desejo de outros
alunos de fisgar um belo Tambaqui, e descobrirem a emoção que é ter um desses
nas mãos. Foi radiante ver a alegria
esboçada no rosto de cada criança, de ver seus sorrisos a cada peixe fisgado,
de vê-los ajudando o colega que ainda não havia pegado nenhuma a fisgar o
primeiro, de vê-los compartilhando um com os outros da emoção de fisgar o
primeiro peixe e de devolvê-lo a água. De vê-los fazendo planos de fazer
pescarias com os pais e ensiná-los o quanto e gratificante soltar o peixe. Foi
simplesmente emocionante.
A pescaria estava boa, mas era chegada a hora de lancharmos, fazer a entrega dos prêmios do nosso minitorneio e retornar para escola. E como foi difícil fazer estes meninos deixarem a pescaria para retornarmos, eles estavam tão envolvidos com a pescaria. Voltamos novamente para a varanda em frente ao lago principal, o lago de pesca esportiva que fica na entrada do pesqueiro. Começamos a fazer a entrega dos prêmios. Primeiramente premiamos o Arthur que foi quem fisgou o primeiro peixe.
Prêmio para aluno que fisgou primeiro peixe: uma vara
telescopia.
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Depois
premiamos o maior peixe que foi pego pela Ana Célia e Beatriz, pois foram as
únicas que conseguiram fisgar um tambaqui.
Finalizada as premiações era hora do
lanche que foi caprichosamente preparado pelas cozinheiras do Pesque e Pague
dos Amigos. Hum!!! Estava uma delicia!!!
Lanche finalizado.
Ficamos ali aguardando e apreciando o lago e conversando enquanto o ônibus da
escola não chegava para nos buscar. Vendo a euforia dos meus alunos pude
compreender o quanto significante aquela manhã foi para eles, o quanto
aprendemos juntos e quantas histórias ali foram escritas com um capitulo
diferente.
Retornando para sala de
aula na semana seguinte os relatos trazidos pelos alunos sobre a pescaria apresentavam
uma riqueza de detalhes impressionante, transmitidos na euforia e alegria com
que cada um contava aos colegas o que mais gostará no dia, o que mais lhe
chamará atenção, ou seja, o que lhe foi marcante.
Neste clima envolvente iniciamos
a construção das produções textuais, no qual os alunos puderem escolher entre
produzir um relato de experiência e/ou construir um poema/poesia. Finalizados
os textos estes foram recolhidos e um grupo de professores fez a escolha dos
três melhores relatos de experiências e os três melhores poemas/poesias. Os
quais foram premiados na semana seguinte, valorizando assim a produção
desenvolvida por cada aluno.
Ao ler cada texto
produzido me emocionei por várias vezes, com os relatos descritos pelos meninos,
mostrando as marcas que este momento de pescaria deixou em suas vidas, de tudo
que foi aprendido com esta vivência. Os textos não traziam registrados somente o
que foi aprendido acerca da preservação da natureza e ou do cuidado com peixe
para sua preservação, mas ali estavam registrados detalhes que vão muito além,
os textos traziam aprendizagens para toda uma vida, que oportuniza-nos ser pessoas
melhores e que ampliam o olhar de cada um para o cuidado com o outro, o cuidado
com o que se fala, com o que se faz. “Eu sentei com minhas colegas que eu quase não falava, foi muito
divertido nós conversamos e eu aprendi que é sempre bom conhecer novos amigos,
fazer novas amizades e eu conversei muito com elas. E descobri que elas são
muito legais, e agora estamos conversando direto, e tenho aprendido muita coisa
com elas...” (Camila) “...o que achei
mais interessante não foram os prêmios, foi a participação de todos os alunos
se interagindo e divertindo...” (Maria Eduarda) “Pegamos peixes com varas de
mão foi incrível sentir o peixe tão perto de mim” (Kayane).
Enfim, foi uma tarefa árdua fazer a escolha dos
seis melhores (3 relatos e 3 poemas/poesias), tamanho foi o grau de
envolvimentos dos alunos, demonstrando o quanto esta atividade os envolveram
por completo. Abaixo vocês lerão o
melhor relato de experiência e o melhor poema.
PESCANDO
UM DIA
Pesquei
de novo foi bem legal
peguei
três peixes afinal.
Não
achei difícil foi até fácil,
Para
pescar fiquei quieto como um gato.
Queria
ir de novo, mas tenho que esperar,
até
que meu pai tenha uma folga.
E
vai demorar.
Mas,
que pena que não ganhei nada la.
Os
donos de lá foram bem generosos
será
que um dia irei vê-los de novo.
Foi
muito legal estar lá,
tenho
pena de quem não foi participar.
Queria
ter pescado cinco assim...
Um
molinete eu ganharia de presente
ou
talvez uma vara de mão,
para
mim isso seria um presentão.
(Paulo
Vitor Silva de Souza)